Todo o
norte da Rússia forma um vasto território com milhares de quilômetros de costa
banhados por seis mares: Barents, Branco, Kara, Laptev, Sibéria Oriental e
Chuckchi. Quase toda a costa norte está além do círculo polar ártico, sendo que
alguns territórios se localizam milhares de quilômetros ACIMA da linha polar. A
maior parte destas terras tem luz solar apenas 100 dias por ano, por causa dos
extremos ângulos latitudinais envolvidos, de mais de 70º.
Mesmo
sendo regiões completamente desabitadas, há um constante tráfego de navios
cargueiros que fazem a rota de ligação entre o ocidente e o oriente pela rota
polar. Atualmente a navegação nas águas geladas do oceano ártico é feita
através de sofisticados sistemas de localização por GPS e outros balizamentos
eletrônicos. Todavia, durante os anos de ferro do império soviético, não havia
sistemas de localização por satélite.
Assim, o
partido comunista da União Soviética decidiu o estabelecimento de uma rede de
faróis ao longo das longínquas praias desabitadas que fornecessem sinais
visuais e radiofônicos aos navios que singravam os mares árticos nas longas
noites polares. Vários faróis foram erguidos, mas havia um problema: eles
deveriam funcionar em regime desatendido e com manutenção zero, isto porque,
por se localizarem a milhares de quilômetros longe das áreas povoadas mais
próximas, era humanamente impossível alojar faroleiros permanentes que
operassem os equipamentos, devido à severidade do clima de regiões mais
inóspitas do Planeta.
Depois de
analisar as diferentes alternativas que atendessem à demanda de funcionamento
por anos sem a necessidade de manutenção e sem fonte de energia esgotável em
curto prazo, os engenheiros soviéticos decidiram implantar reatores nucleares
que alimentariam os faróis. Então, foram desenvolvidos especialmente para este
fim reatores atômicos pequenos e leves que pudessem ser facilmente
transportados às terras polares e içados nas respectivas estruturas.
Os pequenos
reatores funcionaram de forma autônoma ao longo de décadas, sem necessidade de
qualquer intervenção humana, prestando seus serviços devido à impraticabilidade
de deslocamentos periódicos de equipes de manutenção. Os faróis eram dotados de
tecnologia suficiente para desempenhar autonomamente determinadas tarefas,
através de sensores eles captavam a luz ambiente, o que os capacitava a ligar e
a desligar o holofote do farol de acordo com as condições de naturais de
iluminação.
Em
situações de neblina ou nevascas, eles transmitiam através do rádio sinais de
alerta às embarcações próximas. Tudo isto, por mais que pareça ter saído de um
enredo de ficção científica, realmente aconteceu no tempo da guerra fria, numa
época em que a robótica recém engatinhava.
Com o
colapso da União Soviética houve um problema, os faróis-robô continuaram
funcionando por algum tempo, até entrarem em colapso. A causa foi a mais
prosaica de todas: o vandalismo. Com o decorrer dos anos, eles foram sendo aos
poucos saqueados por ladrões de metais e destruídos por caçadores de coisas
abandonadas. A grande tragédia destes faróis atômicos foi provocada pela
ignorância dos vândalos, já que eles não se intimidaram perante as etiquetas
amarelas que estampavam o aviso de “Perigo Radioativo”.
Os
vândalos, ao ignorarem todos os avisos, quebraram e destruíram o equipamento e
levaram o que puderam, deixando para trás as coisas inúteis ou pesadas demais.
Por mais que pareça estúpido e bizarro, os saqueadores marretaram os reatores e
os reduziram a pedaços, fato que transformou todas as antigas construções dos
faróis-robô em perigosos sítios de contaminação radioativa.
As fotos
aqui apresentadas foram obtidas de um dos faróis atômicos mais próximos das
áreas povoadas ao leste da Rússia. Atualmente há enormes alertas de
“RADIOATIVIDADE” estampadas em Placas obstruindo os caminhos que levam aos
farol, porém, elas não são o bastante para desencorajar o avanço dos caçadores
de coisas exóticas.
Fontes:
English Russia: Abandoned Russian Polar Nuclear Lighthouses.
www.blogpaedia.com.br/2009/01/faris-nucleares-abandonados-na-rssia.html
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