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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Os Faróis Nucleares Esquecidos da Rússia







Todo o norte da Rússia forma um vasto território com milhares de quilômetros de costa banhados por seis mares: Barents, Branco, Kara, Laptev, Sibéria Oriental e Chuckchi. Quase toda a costa norte está além do círculo polar ártico, sendo que alguns territórios se localizam milhares de quilômetros ACIMA da linha polar. A maior parte destas terras tem luz solar apenas 100 dias por ano, por causa dos extremos ângulos latitudinais envolvidos, de mais de 70º.

Mesmo sendo regiões completamente desabitadas, há um constante tráfego de navios cargueiros que fazem a rota de ligação entre o ocidente e o oriente pela rota polar. Atualmente a navegação nas águas geladas do oceano ártico é feita através de sofisticados sistemas de localização por GPS e outros balizamentos eletrônicos. Todavia, durante os anos de ferro do império soviético, não havia sistemas de localização por satélite.




Assim, o partido comunista da União Soviética decidiu o estabelecimento de uma rede de faróis ao longo das longínquas praias desabitadas que fornecessem sinais visuais e radiofônicos aos navios que singravam os mares árticos nas longas noites polares. Vários faróis foram erguidos, mas havia um problema: eles deveriam funcionar em regime desatendido e com manutenção zero, isto porque, por se localizarem a milhares de quilômetros longe das áreas povoadas mais próximas, era humanamente impossível alojar faroleiros permanentes que operassem os equipamentos, devido à severidade do clima de regiões mais inóspitas do Planeta.

Depois de analisar as diferentes alternativas que atendessem à demanda de funcionamento por anos sem a necessidade de manutenção e sem fonte de energia esgotável em curto prazo, os engenheiros soviéticos decidiram implantar reatores nucleares que alimentariam os faróis. Então, foram desenvolvidos especialmente para este fim reatores atômicos pequenos e leves que pudessem ser facilmente transportados às terras polares e içados nas respectivas estruturas.

Os pequenos reatores funcionaram de forma autônoma ao longo de décadas, sem necessidade de qualquer intervenção humana, prestando seus serviços devido à impraticabilidade de deslocamentos periódicos de equipes de manutenção. Os faróis eram dotados de tecnologia suficiente para desempenhar autonomamente determinadas tarefas, através de sensores eles captavam a luz ambiente, o que os capacitava a ligar e a desligar o holofote do farol de acordo com as condições de naturais de iluminação.

Em situações de neblina ou nevascas, eles transmitiam através do rádio sinais de alerta às embarcações próximas. Tudo isto, por mais que pareça ter saído de um enredo de ficção científica, realmente aconteceu no tempo da guerra fria, numa época em que a robótica recém engatinhava.

Com o colapso da União Soviética houve um problema, os faróis-robô continuaram funcionando por algum tempo, até entrarem em colapso. A causa foi a mais prosaica de todas: o vandalismo. Com o decorrer dos anos, eles foram sendo aos poucos saqueados por ladrões de metais e destruídos por caçadores de coisas abandonadas. A grande tragédia destes faróis atômicos foi provocada pela ignorância dos vândalos, já que eles não se intimidaram perante as etiquetas amarelas que estampavam o aviso de “Perigo Radioativo”.

Os vândalos, ao ignorarem todos os avisos, quebraram e destruíram o equipamento e levaram o que puderam, deixando para trás as coisas inúteis ou pesadas demais. Por mais que pareça estúpido e bizarro, os saqueadores marretaram os reatores e os reduziram a pedaços, fato que transformou todas as antigas construções dos faróis-robô em perigosos sítios de contaminação radioativa.

As fotos aqui apresentadas foram obtidas de um dos faróis atômicos mais próximos das áreas povoadas ao leste da Rússia. Atualmente há enormes alertas de “RADIOATIVIDADE” estampadas em Placas obstruindo os caminhos que levam aos farol, porém, elas não são o bastante para desencorajar o avanço dos caçadores de coisas exóticas.

Fontes:

English Russia: Abandoned Russian Polar Nuclear Lighthouses. 
www.blogpaedia.com.br/2009/01/faris-nucleares-abandonados-na-rssia.html

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Para Compreender: Trifólio simbolo internacional de radiação



O desenho que representa o símbolo internacional da radiação é chamado Trifólio, nome também dado ao trevo de três folhas. Segundo o físico americano Paul Frame, da Universidade de Michigan, que por anos estudou sua origem, o desenho foi rabiscado pela primeira vez em 1946, por um pequeno grupo de pessoas, no laboratório de radiação da Universidade da Califórnia, em Berkeley, Estados Unidos.

Este evento foi relatado em uma carta de 1952, escrita por Nels Garden, chefe do Grupo de Saúde do laboratório, na qual ele explica que o círculo central representa a fonte radioativa e as três pás representam a atividade que irradia dela. Paul Frame, para a revista Superinteressante, sugeriu ainda que as três pás referem-se aos diferentes tipos de radiação nuclear: alfa, beta e gama.

Os primeiros sinais impressos em Berkeley tinham um símbolo magenta sobre um fundo azul. Mas essa composição de cores não fez muito sucesso e no início de 1948 o uso do amarelo como fundo foi padronizado no Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos. Naquela época, os responsáveis por escolher uma cor mais apropriada ao sinal de aviso cortaram diversos símbolos magenta e os grampearam em cartões com diferentes cores: ao ar livre, a uma distância de 6 metros, um comitê selecionou o magenta em amarelo como a melhor combinação.

Embora concebido para uso local em Berkeley, o símbolo disseminou-se pelo resto do mundo. Diversas variações da proposta inicial foram sugeridas nos anos seguintes. Somente no final dos anos 50 que o sinal de alerta usado ​​hoje foi regulamentado pelo instituto americano de padronização (ANSI). É permitido tanto o uso do magenta sobre o amarelo, quanto o preto como um substituto para o magenta. Na verdade, preto sobre amarelo é a combinação de cores mais comum fora dos EUA e é, provavelmente, a versão mais conhecida do símbolo.

A inspiração para o símbolo trifólio é cercada de especulações. Para Marshall Brucer, médico-chefe do Instituto Oak Ridge de Estudos Nucleares, esse símbolo era usado em uma doca seca naval perto de Berkeley para avisar sobre as hélices em movimento das embarcações. Já para o físico Paul Frame, o símbolo magenta é muito semelhante ao sinal de advertência de radiação usado antes de 1947, que consistia em um pequeno ponto vermelho com quatro ou cinco linhas saindo da região central. Alguns sugerem ainda que o trifólio tenha semelhança com a bandeira de batalha japonesa, familiar aos povos da costa oeste norte-americana.

“Qualquer que tenha sido a inspiração, foi uma boa escolha, pois o símbolo é simples, fácil de ser desenhado e identificado, não se parece com outros sinais de alerta e é perceptível a grandes distâncias”, completa o físico Paul Frame.

Hoje, em qualquer lugar do mundo, toda substância que emitir radiação deve ter essa imagem por perto. Existem normas específicas para o uso do símbolo em áreas cuja presença humana é controlada, como em prédios de reatores nucleares e em salas de exames de raios-X.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) esclarece que “o símbolo deve ser respeitado e não temido”. Ele serve para alertar as pessoas sobre a POSSÍVEL presença da radiação acima dos níveis naturais.

O símbolo complementar da radiação ionizante

O novo símbolo de advertência de radiação ionizante foi lançado em 15 de fevereiro de 2007, pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) em conjunto com a Organização Internacional para a Padronização (ISO), com o objetivo de reduzir as mortes desnecessárias e os ferimentos sérios de exposição acidental às fontes radioativas de grande porte.

No Brasil, como exemplo de acidente desse tipo, há o ocorrido em Goiânia, em 1987, que gerou um rastro de contaminação por Césio-137 quando um aparelho utilizado em radioterapia (irresponsavelmente abandonado nas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia) foi desmontado por catadores de um ferro velho do local e repassado a terceiros.

Com um fundo vermelho, ondas de irradiação, um crânio e dois ossos cruzados e uma pessoa correndo (!), o novo símbolo serve como um aviso suplementar ao trifólio, que não tem nenhum significado intuitivo e é pouco reconhecido pelo grande público, exceto por aqueles treinados em seu significado.

O novo símbolo foi desenhado por especialistas em fatores humanos, artistas gráficos e peritos em proteção radiológica após um estudo de cinco anos envolvendo 1.650 pessoas de diferentes idades em 11 países, entre eles o Brasil, para garantir que sua mensagem de “PERIGO – MANTENHA-SE AFASTADO” fosse clara e entendida por todos em qualquer lugar do mundo.

O símbolo é indicado para as fontes radiativas mais intensas, capazes de causar a morte ou ferimentos sérios. Integram essas categorias os irradiadores de alimento, os equipamentos para o tratamento de câncer e as unidades de radiografia industrial. Ao contrário do trifólio, esse símbolo é visível somente dentro dos equipamentos, para aqueles que tentarem abri-los, pois o símbolo é fixado no dispositivo que abriga a fonte, como um aviso para não desmontá-lo ou para não ficar próximo deste por muito tempo.

Para saber mais

Radiation Warning Symbol (Trefoil) por Paul Frame (em inglês).
New Symbol Launched to Warn Public About Radiation Dangers
- site IAEA (em inglês)
http://conhecerparadebater.blogspot.com.br/2011/07/entenda-os-simbolos-associados-radiacao.html