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sábado, 23 de fevereiro de 2013

1896 - Acidente Radiologico de Chicago

 

Chicago acidente radiografia, 1896

Data: 1896?
Localização: Chicago, Illinois, EUA
Tipo de evento: exposição excessiva radiografia médica
Descrição:
Um homem tinha um tornozelo quebrado radiografado por um médico, após o que ele desenvolveu lesões cutâneas, eventualmente, exigem a amputação do pé. Mais tarde, ele processou o médico e foi premiado com R $ 10.000.
Consequências: uma lesão.
Referências:
  • Berlim, Leonard, julho de 2001, "questões de malversação em radiologia: danos induzidos pela radiação de pele e fluoroscopia," American Journal of Roentgenology, 177:21-25.

Fleischmann, Fusão a Frio e A Ciência Na Berlinda



Por Zé Zinho

Martin Fleischmann e a deterioração da Ciência

Do Alerta em Rede


Com a morte do eletroquímico britânico Martin Fleischmann, aos 85 anos, em 3 de agosto, o mundo perde não apenas um raro cientista capaz de atuar com desassombro nos limites do conhecimento e aportar importantes contribuições a ele, como também um símbolo do deplorável estado em que a prática científica mergulhou, nas últimas décadas, com a sua submissão cada vez maior a agendas políticas e de interesses restritos.
Em uma entrevista coletiva, em março de 1989, Fleischmann e seu colega estadunidense Stanley Pons, ambos pesquisadores da Universidade de Utah, anunciaram que haviam obtido reações de fusão nuclear à temperatura ambiente, em um dispositivo integrado por um cátodo de paládio imerso em água enriquecida com deutério (hidrogênio-2), alimentado por uma bateria comum – ou seja, um processo de eletrólise. Na ocasião, Fleischmann afirmou que o fenômeno “abria as portas para uma nova área de pesquisa” sobre uma “tecnologia que pode ser utilizada para a geração de calor e energia”.
Embora não tenha seguido as normas de comunicação de pesquisas científicas, divulgando os resultados à mídia antes de publicá-los em uma revista revisada por pares, o anúncio deflagrou um imediato entusiasmo quanto à perspectiva de obtenção de uma fonte energética “limpa” e virtualmente inesgotável, que afastaria os temores que já se manifestavam em relação aos combustíveis fósseis. Imediatamente, cientistas de todo o mundo se empenharam em tentar reproduzir os resultados anunciados, especificamente, a geração de calor em excesso sobre a energia introduzida no sistema e a emissão de nêutrons e trítio (hidrogênio-3) – o que denotaria tratar-se de uma reação nuclear. Em poucos dias, o fenômeno ficou conhecido como “fusão a frio”, embora Fleischmann e Pons não se referissem a ele desta forma.
Desafortunadamente, o fenômeno não se mostrou tão simples de ser reproduzido e, devido ao grande número de experiências frustradas, Fleischmann e Pons começaram a ser acusados de fraude e incapacidade científica, tanto por alguns de seus pares como pela mídia. Meses depois, um painel de cientistas organizado pelo Departamento de Energia dos EUA concluiu que não havia evidências de que o fenômeno se devia a processos nucleares e não recomendou grandes investimentos em um programa de pesquisas especial para estudá-lo. A decisão contribuiu, não apenas, para esvaziar o interesse geral no assunto, como, também, para que a expressão “fusão a frio” se convertesse em objeto de ridículo.
Entretanto, aparentemente, tais reações envolviam algo mais que uma mera exigência de rigor científico. Entre os principais críticos da dupla de eletroquímicos e do fenômeno, estavam os físicos que trabalhavam com pesquisas de fusão “a quente”, em caríssimos equipamentos como os reatores Tokamak e orçamentos da ordem de dezenas a centenas de milhões de dólares. Evidentemente, muitos deles não viam muito favoravelmente a perspectiva de que o objeto de suas pesquisas poderia ser atingido por um caminho bem mais simples e com orçamentos uma ou duas ordens de grandeza menores. No Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), um dos líderes das pesquisas de fusão nuclear tradicional, a rejeição ao fenômeno chegou ao ponto de alguns cientistas ocultarem os resultados positivos de obtenção de excesso de energia, em uma experiência crucial, tendo anunciado que os resultados haviam sido negativos. A farsa foi, oportunamente, denunciada pelo Dr. Eugene Mallove, então redator-chefe do departamento de imprensa do MIT, que renunciou ao posto, em protesto e, posteriormente, descreveu a razia contra o fenômeno e seus estudiosos, no livro Fire from Ice: Searching for the Truth Behind the Cold Fusion Furor (Fogo do gelo: em busca da verdade por trás do furor sobre a fusão a frio), lançado em 1991.
Igualmente reveladoras foram as reações de alguns dos gurus do flamante movimento ambientalista internacional, que, na época, ganhava força com a agenda do aquecimento global antropogênico, contemplada com a criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), no final de 1988.
Em uma entrevista ao jornal Los Angeles Times, em abril de 1989, algumas semanas após a entrevista de Fleischmann e Pons, o economista Jeremy Rifkin foi categórico: “É a pior coisa que poderia acontecer ao nosso planeta.” Seu correligionário, o biólogo Paul Ehrlich, um arquimalthusiano que vem pregando uma catástrofe demográfica há mais de quatro décadas, disparou: “Seria como colocar uma metralhadora nas mãos de uma criança retardada.”
Se houvesse, tanto da parte de tais críticos, qualquer laivo de honestidade em seus pleitos pela obediência aos rigores da prática científica consagrada e pelos cuidados com o meio ambiente, seria de se esperar que um fenômeno novo como o anunciado por Fleischmann e Pons atraísse esforços sérios no sentido do seu entendimento. Quanto mais não fosse, pela perspectiva de abertura de uma nova área de conhecimento dos fenômenos universais e, não menos, de a Humanidade se encontrar, efetivamente, diante de uma revolucionária fonte energética. O que se viu, porém, foi uma feroz barragem de críticas e detratações, poucas vezes vista. E o mais irônico – e emblemático – é que muitos desses críticos e detratores, cientistas inclusive, se mostrariam ser ardentes defensores de fraudes científicas notórias, como a suposta influência humana no clima global.
Nos anos seguintes, apesar das repercussões negativas, as pesquisas sobre o fenômeno continuaram sendo feitas, em vários países, por grupos de pesquisadores que adotaram um perfil baixo, atuando quase como membros de uma confraria secreta, criando meios próprios de divulgação e troca de informações, inclusive, em congressos internacionais. Entre 12-17 de agosto, realiza-se em Daejeon, Coreia do Sul, a 17ª. Conferência Internacional sobre Fusão a Frio (a denominação “fusão a frio” foi mantida por motivos históricos, embora o fenômeno seja atualmente conhecido como “reações nucleares de baixa energia”, ou LENR, na sigla em inglês). Entre os países que têm grupos dedicados ao assunto, destacam-se os EUA, Rússia, Itália, Japão, Coreia do Sul, China e Índia. Literalmente, dezenas de milhares de experiências já foram realizadas, com altos níveis de repetibilidade das observações relatadas por Fleischmann e Pons, o que denota a realidade do fenômeno.
Em novembro de 2009, a Agência de Inteligência de Defesa (DIA) dos EUA divulgou um relatório com uma rigorosa avaliação do estado da arte das pesquisas sobre o fenômeno. Intitulado “Prognóstico tecnológico: pesquisas sobre reações nucleares de baixa energia aumentando e ganhando aceitação em todo o mundo”, o documento faz uma avaliação bastante otimista, como sintetizado na introdução:
Nos últimos 20 anos, cientistas de todo o mundo têm investigado as reações nucleares de baixa energia (LENR). Os pesquisadores desta área controvertida estão, atualmente, anunciando resultados capazes de mudar os paradigmas [científicos] existentes, inclusive, a geração de grandes quantidades de calor em excesso, atividades nucleares e transmutação de elementos. Embora não exista uma teoria vigente, que explique todos os fenômenos descritos, alguns cientistas acreditam que podem estar ocorrendo reações nucleares ao nível quântico. A DIA avalia, com alto nível de confiança, que, se as LENR puderem produzir energia de origem nuclear às temperaturas ambientes, esta tecnologia impactante poderá revolucionar a produção e o armazenamento de energia, uma vez que as reações nucleares liberam milhões de vezes mais energia por unidade de massa do que qualquer outro combustível químico conhecido.
Sabendo-se que a DIA é uma das mais rigorosas e profissionais das 16 agências do colossal aparato de inteligência estadunidense, a sua avaliação merece ser devidamente considerada pelos formuladores de políticas de todos os países.
Como a quase totalidade dos pesquisadores do fenômeno, Fleischmann e Pons foram forçados a “submergir”. Em 1992, eles se mudaram para a França, para continuar as pesquisas em um laboratório financiado por uma subsidiária da empresa japonesa Toyota. Porém, por divergências com a direção do laboratório, Fleischmann se retirou do projeto em 1995 e voltou para a Inglaterra, onde se aposentou. Igualmente, Pons se retiraria, no ano seguinte, e o projeto foi encerrado em 1998.
Entretanto, Fleischmann continuou colaborando com outros pesquisadores, nos EUA e na Itália, até ser obrigado a retirar-se de vez, por problemas de saúde, que incluíam a doença de Parkinson, problemas cardíacos e diabetes. Ele morreu em sua residência, em Tisdale (é significativo das distorções que envolvem a atividade científica e sua percepção pela sociedade, o fato de que a sua morte tenha sido ignorada pela mídia brasileira).
Fleischmann, que teve a inspiração original para as pesquisas iniciais com Pons, foi um daqueles raros gigantes da Ciência capazes de influenciar com seu trabalho os rumos do conhecimento e, por extensão, da própria evolução da Humanidade. Por isso, recorremos à sintética avaliação do editor do site E-cat World, um dos muitos dedicados à divulgação das pesquisas sobre o tema:
“Provavelmente, o legado póstumo de Martin Fleischmann será muito maior do que o que foi em sua vida. O seu trabalho deflagrou uma revolução em fogo lento, que parece estar pronta para entrar em ignição.”

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O Homem que Salvou O Mundo Não Fazendo Nada





Stanislav Petrov (nascido em 1939) é um coronel reformado do Exército Vermelho que, em 26 de setembro de 1983, evitou uma potencial guerra nuclear ao se recusar a aceitar que mísseis estadunidenses tinham sido lançados contra a URSS, apesar da indicação dada pelo sistema de alerta computadorizado. Os alertas do computador soviético mais tarde se revelaram errados, e Petrov ficou como a pessoa que evitou a Terceira Guerra Mundial e a devastação de boa parte da Terra por armas nucleares. Por causa do sigilo militar e de diferenças políticas e internacionais, os atos de Petrov foram mantidos em segredo até 1998.

O Tenente-Coronel Stanislav Petrov era o oficial do dia no bunker Serpukhov-15 perto de Moscovo no dia 26 de setembro de 1983, época da Guerra Fria. Apenas três semanas e meia antes, os soviéticos haviam derrubado um avião Boeing 747 sul-coreano, matando 269 abordo. A responsabilidade do Tenente-Coronel Petrov era observar a rede de alerta preventivo por satélites e notificar seus superiores sobre qualquer possível ataque com míssil nuclear contra a URSS. Caso isto ocorresse, a estratégia da União Soviética era lançar imediatamente um contra-ataque nuclear maciço contra os Estados Unidos, como previsto pela doutrina da Destruição Mútua Assegurada.
Pouco após a meia-noite, os computadores do bunker indicaram que um míssil estadunidense se movia em direção à União Soviética. O Tenente-Coronel Petrov deduziu que havia ocorrido um erro do computador, já que os Estados Unidos não lançariam apenas um míssil se estivessem atacando a União Soviética, e sim vários ao mesmo tempo. Além disso, a confiabilidade do sistema por satélite havia sido questionada anteriormente. Por isso, ele considerou o alerta como alarme falso, concluindo que de fato não havia míssil lançado pelos EUA.

Pouco tempo depois, os computadores indicavam que um segundo míssil tinha sido lançado, a seguir dum terceiro, um quarto e um quinto. Petrov ainda acreditava que o sistema computadorizado estava errado, mas não tinha mais outras fontes de informação para poder confirmar as suas suspeitas. O radar terrestre da União Soviética não tinha capacidade para detectar mísseis além do horizonte, então quando o radar terrestre pudesse positivamente identificar a ameaça, seria tarde demais.

Percebendo que se ele estivesse equivocado, mísseis nucleares logo estariam a chover sobre a URSS, Petrov decidiu confiar na sua intuição e declarou as indicações do sistema como alarme falso. Após um breve momento, ficou claro que seu instinto estava certo. A crise fez nele grande pressão e muito nervosismo, mas o juízo de Petrov foi correto. Uma guerra nuclear de escala total tinha sido evitada.
Não estava agendado para Petrov estar de guarda aquela noite. Não estivesse ele lá, seria possível que um outro oficial no comando tivesse feito a decisão contrária.
Apesar de ter prevenido um potencial desastre nuclear, Petrov desobedecera ordens e desafiara o protocolo militar. Mais tarde, ele sofreu intenso questionamento pelos seus superiores sobre a sua atitude durante a prova de fogo, o resultado disso foi que ele não mais foi considerado um oficial militar confiável.
O exército Soviético não puniu Petrov pelas suas ações, mas não reconheceu ou honrou-lo também. Suas ações haviam revelado imperfeições no sistema militar Soviético o que deixou seus superiores em maus lençóis. Foi-lhe feita uma reprimenda, oficialmente pelo arquivamento improprio de papelada de trabalho, e sua, uma vez promissora, carreira chegou ao fim. Ele foi recolocado para um posto menos sensível e por fim retirado do serviço militar.

Petrov continuou vivendo na Rússia como pensionista, passando sua aposentadoria em pobreza, na cidade de Fryazino. Ele disse que não se considera um herói pelo que fez naquele dia, mas mesmo assim, em 21 de Maio de 2004, uma associação californiana, chamada Association of World Citizens, deu ao Coronel Petrov seu prêmio World Citizen Award, junto com um troféu e US$ 1.000,00 em reconhecimento ao papel exercido ao evitar a catástrofe.

Menos de dois meses após o evento de Setembro de 1983, a ABC, rede de TV norte americana. televisionou o controverso filme The Day After. O drama de ficção trata de uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética e que efeitos isto teria em famílias vivendo numa típica cidade americana. Hoje em dia, acontecimanentos envolvendo Petrov permanecem desconhecidos ao público americano. A maioria das pessoas pensa (incorretamente) que a Crise dos Mísseis de Cuba, vinte anos antes, foi o evento mais recente que poderia ter eclodido numa guerra nuclear.